quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Liderança em escala

                                        Revista Você s/a nº149, 01/11/2010, Por Eugênio Mussak
A primeira função de um gestor é formar outros bons líderes?
Liderar não é fazer. Liderar é fazer fazer. E, para isso, é necessário criar uma equipe, o que significa engajar, capacitar e, acima de tudo, inspirar. Sim, líderes devem inspirar pessoas, mas, à medida que a empresa cresce, essa função muda um pouco, pois não é mais suficiente inspirar quem faz.
Agora é necessário inspirar quem inspira quem faz.
Já se disse que a primeira responsabilidade de um líder é formar outros bons líderes. Há duas razões para justificar essa afirmação: a primeira é que o líder precisa ter a consciência de que ele não é eterno nem infalível. Cedo ou tarde, o gestor precisará ser substituído, temporária ou definitivamente. A segunda é que, desde Fayol (Henri Fayol, estudioso da teoria da administração), aprendemos que um líder não consegue liderar diretamente um grupo superior a 30 pessoas. Além desse número é preciso pensar em gestores ou chefes intermediários, capazes de replicar o comando e de manter o moral do grupo.
O exército é um bom exemplo. Entre o posto de marechal e o de soldado há 20 posições hierárquicas que formam a cadeia de comando. E não há, nesse caso, nenhuma intenção corporativista para favorecer amigos protegidos com cargos importantes. O que há é uma cadeia de lideranças que mantém a coluna vertebral de uma organização que tem de funcionar bem. Nas organizações, em função do crescimento e da globalização, os princípios da autonomia e da delegação viraram imperativos de eficácia. E isso exige um grande esforço de capacitação e uma comunicação eficiente. Caso contrário, não há chance de se criar o necessário ambiente de confiança.
Querer manter o controle sobre tudo o que acontece na companhia é o mesmo que condená-la a ficar pequena. Manter vários objetos no ar ao mesmo tempo é coisa de artista de circo. Nas organizações isso se faz em equipe, que, por definição, é um conjunto de pessoas que possuem habilidades complementares e sonham o mesmo sonho. A empresa é formada por várias equipes que obedecem à mesma lógica. Se isso for observado, não há limite para o crescimento nem para o sonho.
Texto publicado sob licença da revista Você s/a, Editora Abril.
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domingo, 20 de novembro de 2011

Classificação de Materiais

Segundo Viana (2006, p. 51)
A classificação é o processo de aglutinação de materiais por características semelhantes. Grande parte do sucesso no gerenciamento de estoques depende fundamentalmente de bem classificar os materiais da empresa.
Classificar materiais é reunir itens de estoque de acordo com suas características semelhantes. O sistema classificatório permite identificar e decidir prioridades referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento da empresa não faltam, depende de uma boa classificação dos materiais.
Dentro das empresas existem vários tipos de classificação de materiais. Estudaremos somente os mais comuns e conhecidos, o que lhe permitirá entender o processo e, se necessário, adaptá-los às necessidades de cada empresa.
Para Viana (2006) um bom método de classificação deve ter algumas características: ser abrangente, flexível e prático.
  • Abrangência: deve tratar de um conjunto de características, em vez de reunir apenas materiais para serem classificados;
  • Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos de classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerenciamento do estoque;
  • Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária uma divisão que norteie os vários tipos de classificação.
Tipos de Classificação
Para Viana (2006, p.52-63) os principais tipos de classificação são:
  • Por tipo de demanda
  • Materiais Críticos
  • Perecibilidade
  • Quanto à periculosidade
  • Possibilidade de fazer ou comprar
  • Tipos de estocagem
  • Dificuldade de aquisição
  • Mercado fornecedor
Nós abordaremos as principais características e subdivisões de cada um deles, iniciaremos com a classificação por tipo de demanda.
Por tipo de demanda
A classificação por tipo de demanda é uma classificação bastante utilizada nas empresas. Ela se divide em materiais não de estoque e materiais de estoque.
MATERIAIS NÃO DE ESTOQUE
São materiais de demanda imprevisível para os quais não são definidos parâmetros para o ressuprimento. Esses materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a inexistência de regularidade de consumo faz com que a compra desses materiais somente seja feita por solicitação direta do usuário, na ocasião em que isso se faça necessário.
O usuário é que solicita sua aquisição quando necessário. Devem ser comprados para uso imediato e se forem utilizados posteriormente, devem ficar temporariamente no estoque.
MATERIAIS DE ESTOQUES
São materiais que devem sempre existir nos estoques para uso futuro e para que não haja sua falta são criadas regras e critérios de ressuprimento automático. Devem existir no estoque, seu ressuprimento deve ser automático, com base na demanda prevista e na importância para a empresa.
Os materiais de estoque se subdividem ainda;
Quanto à aplicação
Quanto ao valor de consumo
Quanto à importância operacional
Quanto à aplicação eles podem ser:
  • Materiais produtivos: compreendem todo material ligado direta ou indiretamente ao processo produtivo.
  • Matérias primas: materiais básicos e insumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo produtivo.
  • Produtos em fabricação: também conhecidos como materiais em processamento são os que estão sendo processados ao longo do processo produtivo. Não estão mais no almoxarifado porque já não são mais matérias-primas, nem no estoque final porque ainda não são produtos acabados.
  • Produtos acabados: produtos já prontos.
  • Materiais de manutenção: materiais aplicados em manutenção com utilização repetitiva.
  • Materiais improdutivos: materiais não incorporados ao produto no processo produtivo da empresa.
  • Materiais de consumo geral: materiais de consumo, aplicados em diversos setores da empresa.
Quanto ao valor do consumo:
Para que se alcance a eficácia na gestão de estoque é necessário que se separe de forma clara, aquilo que é essencial do que é secundário em termos de valor de consumo. Para fazer essa separação nós contamos com uma ferramenta chamada de curva ABC ou Curva de Pareto, ela determina a importância dos materiais em função do valor expresso pelo próprio consumo em determinado período.
Os materiais são classificados em materiais:
  • Materiais A: materiais de grande valor de consumo;
  • Materiais B: materiais de médio valor de consumo;
  • Materiais C: materiais de baixo valor de consumo.
Vamos nos aprofundar mais e trabalhar com a metodologia de cálculo da curva ABC na próxima aula, mas de antemão lhe aviso que não se recomenda o uso da classificação ABC sem a interface com a importância operacional, em que se identificam os materiais imprescindíveis ao funcionamento da empresa.
Quanto à importância operacional:
Esta classificação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se obter o material.
Os materiais são classificados em materiais:
  • Materiais X: materiais de aplicação não importante, com similares na empresa;
  • Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar;
  • Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção.
Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e podem colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo.
Os materiais classificados como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmente substituídos em curto prazo.
Os itens “X” por sua vez são aqueles que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à segurança das pessoas, ao ambiente ou ao patrimônio da organização e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem encontrados.
Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas:
  • O material é imprescindível à empresa?
  • Pode ser adquirido com facilidade?
  • Existem similares?
  • O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente?
Tabela para a classificação de importância operacional
É imprescindível
Fácil aquisição?
Existem similares?
A compra do original ou similar é fácil?
CLASSE
SIM
NÃO
NÃO
-
Z
SIM
SIM
NÃO
-
Y
NÃO
NÃO
SIM
NÃO
Y
SIM
SIM
SIM
SIM
X
NÃO
SIM
SIM
SIM
X
Materiais Críticos
Classificação muito utilizada por indústrias. São materiais de reposição específica, cuja demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base o risco. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, portanto, sujeitos ao controle de obsolescência.
A quantidade de material cadastrado como material crítico dentro de uma empresa deve ser mínima.
Os materiais são classificados como críticos segundo os seguintes critérios:
Críticos por problemas de obtenção: material importado; único fornecedor; falta no mercado; estratégico e de difícil obtenção ou fabricação.
Críticos por razões econômicas: materiais de valor elevado com alto custo de armazenagem ou de transporte.
Críticos por problemas de armazenagem ou transporte: materiais perecíveis, de alta periculosidade, elevado peso ou grandes dimensões.
Críticos por problema de previsão: ser difícil prever seu uso
Críticos por razões de segurança: materiais de alto custo de reposição ou para equipamento vital da produção.
Perecibilidade
Os materiais também podem ser classificados de acordo com a possibilidade de extinção de suas propriedades físico-químicas. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classificação; assim, quando a empresa adquire um material para ser usado em um período, e nesse período o consumo não ocorre, sua utilização poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem por longos períodos.
Quanto à possibilidade de se extinguirem, seja dentro do prazo previsto para sua utilização, seja por ação imprevista, os materiais podem ser classificados em: perecível e não perecível.
Os perecíveis podem ser ainda subdivididos em perecíveis por:
  • Ação higroscópica: ex. sal, cal virgem;
  • pela limitação do tempo ex. alimentos, remédios;
  • Instabilidade: ex. ácidos, óxido de etileno;
  • Volatilidade: ex. amoníaco, éter;
  • Contaminação da água: ex. óleo para transformadores;  
  • Contaminação por partículas sólidas: ex. graxas;
  • Gravidade: ex. eixos de grande comprimento;
  • Quebra, colisão ou vibração: ex. vidro, cristais;
  • Mudança de temperatura: ex. vedantes de borracha;
  • Ação da luz: ex. filmes fotográficos;
  • Atmosfera agressiva: ex. ácidos, cloro;
  • Ação de animais: ex. grãos, madeira.
A utilização da classificação por perecimento permite as seguintes medidas:
  • determinar lotes de compra mais racionais, em função do tempo de armazenagem permitido;
  • programar revisões periódicas para detectar falhas de estocagem a fim de corrigi-las e baixar materiais sem condições de uso;
  • selecionar adequadamente os locais de estocagem, usando técnicas adequadas de manuseio e transporte de materiais, bem como transmitir orientações aos funcionários envolvidos quanto aos cuidados a serem observados.
Periculosidade
O uso dessa classificação permite a identificação de materiais que devido a suas características físico-químicas, podem oferecer risco à segurança no manuseio, transporte, armazenagem. Ex. líquidos inflamáveis.
Possibilidade de fazer ou comprar
Esta classificação visa determinar quais os materiais que poderão ser recondicionados, fabricados internamente ou comprados:
  • Fazer internamente: fabricados na empresa;
  • Comprar: adquiridos no mercado;
  • Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos;
  • Recondicionar: materiais passíveis de recuperação sujeito a análise de custos.
Tipos de Estocagem
Os materiais podem ser classificados em materiais de estocagem permanente e temporária.
Permanente: materiais para os quais foram aprovados níveis de estoque e que necessitam de ressuprimento constantes.
Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressuprimento, ou seja, é um material não de estoque.
Dificuldade de Aquisição
Os materiais podem ser classificados por suas dificuldades de compra em materiais de difícil aquisição e materiais de fácil aquisição. As dificuldade podem advir de:
  • Fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronograma de fabricação longo;
  • Escassez no mercado: há pouca oferta no mercado e pode colocar em risco o processo produtivo;
  • Sazonalidade: há alteração da oferta do material em determinados períodos do ano;
  • Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um único fornecedor;
  • Logística sofisticada: material de transporte especial, ou difícil acesso;
  • Importações: os materiais sofrer entraves burocráticos, liberação de verbas ou financiamentos externos.
Mercado Fornecedor
Esta classificação está intimamente ligada à anterior e a complementa. Assim temos:
  • Materiais do mercado nacional: materiais fabricados no próprio país;
  • Materiais do mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país;
  • Materiais em processo de nacionalização: materiais aos quais estão desenvolvendo fornecedores nacionais.
Você acabou de ver oito tipos principais de classificação de materiais, eles não necessitam trabalhar separadamente, e alguns deles recebem indicações explícitas para que trabalhem em conjunto com outra classificação, tornando mais eficaz a gestão dos estoques.
Veja abaixo um quadro resumido dos tipos de classificação com suas vantagens, desvantagens e limitações.
QUADRO SINÓPTICO DOS TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO
OBJETIVO
VANTAGEM
DESVANTAGEM
APLICAÇÃO
Valor de consumo
Materiais de maior valor (consumo) método ABC
Demonstrar os materiais de grande investimento no estoque
Não fornece análise de importância operacional
Fundamental. Deve ser utilizada em conjunto com importância operacional
Importância operacional
Importância dos materiais para funcionamento da empresa
Demonstra os materiais vitais para a empresa
Não fornece análise econômica dos estoques
Fundamental. Deve ser utilizada em conjunto com valor de consumo
Perecibilidade
Se o material é perecível ou não
Identifica os materiais sujeitos à perda por perecimento, facilitando armazenagem e movimentação.

Básica. Deve ser utilizada com classificação de periculosidade
Periculosidade
Grau de periculosidade de material
Determina incompatibilidade com os outros materiais, facilitando armazenagem e movimentação.

Básica. Deve ser utilizada com a classificação de perecibilidade
Fazer ou comprar
Se o material deve ser comprado, fabricado internamente ou recondicionado.
Facilita a organização da programação e planejamento de compras

Complementar para os procedimentos de compras
Dificuldade de aquisição
Materiais de fácil ou difícil aquisição
Agiliza a reposição de estoques


Complementar para os procedimentos de compras
Mercado fornecedor
Origem dos materiais (nacional ou importado)
Auxilia a elaboração dos programas de importação

Complementar para os procedimentos de compras
Fonte: Viana (2006, p. 62)